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Foto do escritorAlex Stein

Caramel Brown Doguinho

Atualizado: 3 de ago. de 2022




Hello, my friend. Espero que esteja tudo show com você. Caso esteja em algum meeting, ou call, vou pedir pra você dar um break, pois eu prometo que vai ser fast, mas preciso de full atention now e, se possível, um feedback no final desse chat que eu quero exchange com você now.


Vou deixar esse link pra alcançarmos um feeling mais soft com a música que eu separei pra esse talking e, ah... se o delivery chegar, pede pra alguém fazer o collect no seu lugar, please.


--- Pausa para a música iniciar ---

Nas duas últimas semanas eu participei de um curso específico dentro da área de marketing, e mais de 70% dos termos sobre o tema de estudos eram em inglês e não em portugês (quando cursei Comercio Exterior na década de 1990, a matéria era chamada “mercadologia”).


Desde os termos conhecidos do curso de publicidade e propaganda, como “Análise SWOT” – acrônimo para Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats – até algumas novidades dentro de análise de business models, o curso nem parecia para brasilerios (lembrando que ainda há poucos professores que usam o termo “análise FOFA”, ao invés de "SWOT" - acrônimo para Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças).


Confesso que fiquei pensando sobre a necessiadade de se manter os termos na língua inglesa, já que muita gente que estava comigo naquele curso sequer compreendia o idioma.


Sem contar que, no processo de aprendizagem, a compreensão-assimilação-internalização de conteúdo ocorre muito melhor através do código de comunicação (língua) que ambos – transmissor e receptor da conversa – dominam.


Pra você, que fala inglês, se colocar na minha perspectiva de análise do que eu quero dizer, peço que pense no seguinte: Você acaba de comprar um produto novo e importante, ao qual precisa ler o manual de instruções (escrito em português e inglês) para conseguir entender como manuseá-lo. Em qual língua você o lê?


Mas Ok (não é “ó – ou ô – cá”, mas “ó – ou ô – quei”), você até pode dizer que todos os termos de estudos do merketing foram cunhados no país (EUA) onde ele foi desenvolvido e transformado em objeto de conhecimento. Logo, somos nós que devemos nos submenter a entender os termos em inglês.


Posso até concordar em determinados pontos com você. Mas, se o objetivo é realmente capacitar o máximo de pessoas possível, logo, a comunicação deve se dar da forma mais fácil e compreensível possível. Do contrário, eu elitizo o conhecimento.


Mas o meu ponto vai além de termos do marketing, ou ferramentas tecnológicas inventadas em países da língua inglesa. Eu falo de todos os lugares para onde olhamos, o uso da língua inglesa simplesmente dominou.


E aqui eu quero trazer dois conceitos que acredito estarem ligados a esse fenômeno nada novo em nossa sociedade: Gourmetização & Síndorme do Vira-Lata.


O pessoal do Porta dos Fundos consegue mostrar bem o que eu quero dizer sobre “gourmetização”.




Repare que, se o objetivo for dar um ar nobre a algo, como um produto, ou serviço, ele será nomeado em inglês (em sua maioria), seguido das línguas francesa e italiana.


Repare as palavras que encontramos com extrema frequêncianos nos nomes de empreendimentos imobiliários: RESIDENCE, TOWER, CLUB, ART, HOME(S), EXCLUSIVE, APARTMENTS, HORIZON, SKY, PARK, entre outros.


Já no material de venda deles, você se depara com: conceito HOME CLUB, espaço KIDS, espaço PETS, espaço BARBECUE, área FITNESS, LIVING, infraestrutura HOME OFFICE, HOME MARKET, PLAYGROUND, ROOFGARDEN, FIREPLACE, LOCKERS, entre outros.


E o mesmo se aplica a qualquer outra área de consumo, onde o que é para ser chique, acaba levando um termo em inglês (na maioria dos casos). Preste atenção nas vitrines de lojas, docerias, cinemas e demais locais de venda de produtos, ou serviços.


Cada vez mais encontramos bares e restaurantes com cardápios e menus recheados de nomes em inglês e frase de impacto no estilo “Life is better with a cake”, “You deserve it”, ou “Great to see you again”.


No trabalho, palavras comuns, como reunião e chamada foram trocadas por suas correlatas em inglês, MEETING e CALL. Esses dias eu cheguei a ser corrigido pela colaboradora de um fornecedor, quando pedi para marcar uma reunião via zoom. Recebi um “O senhor quer dizer, fazer um meeting” de reply... ops... resposta.


Hoje você não se candidata mais a uma vaga de trabalho... você aplica (do termo "APPLY", em Inglês).


Há palavras que eu até concordo que fazem mais sentido usá-las, ao invés de buscar uma tradução em português, já que não há uma, como Nylon, por exemplo (palavra criada a partir da marca acrônimo de Nova York e LONdres - cidades dos cientistas criadores do produto).


O uso de outras palavras estrangeiras me soa inteligente porque acaba reduzindo a quantidade de palavras em português para dizer a mesma coisa, como por exemplo: “Meu pet”, ao invés de dizer “meu animal/bixo de estimação”. Sem contar que pet não possui gênero definido, o que é ótimo para o desenvolvimento da linguagem inclusiva.


Mas a questão é que, onde quer que você veja um texto, da hora que você acorda, a hora que você dorme, lá estará o bom e velho inglês falando com você o tempo todo (você compreendendo, ou não).


Convido você a fazer uma pequena pesquisa, observando os outdoors da sua cidade (o termo correto em inglês é billboard), assim como os conteúdos de TV e internet (sejam eles propaganda, ou não). Repare o quanto a língua inglesa estará presente.


Não estou convidando você a uma marcha contra o inglês no nosso cotidiano, ou para um nacionalismo ufanista.


Prova disso é o desejo de que toda a população brasileira seja realmente capacitada a falar uma segunda língua. E o Inglês é a mais sensata, dentro do mundo em que vivemos.


Também me agrada a ideia de saber de que a linguagem é um fenômeno social e, portanto, uma ferramente que está em constante transformação (já pensou se estivéssemos falando vossa mercê até hoje?).


O meu ponto é outro.


E aí eu falo sobre o Complexo de Vira Latas (mais, aqui).


As pesquisas de análise do consumidor apontam um grande desejo, tanto do brasileiro médio (termo usado para falar sobre a média da população brasileira) quanto da população com poder de compra, em querer ter um padrão americano de vida (ou estadunidense, pra ficar bem claro sobre o que eu estou dizendo).


E é por isso que a comunicação dirigida aos potenciais consumidores se utiliza de palavras em inglês.


Mas não se engane. Antes da 2ª guerra, e consequente hegemonia americana no mundo, o chique era ser francês (e viver como os franceses). O bairo de Campos Elíseos (Champs Elysse), em São Paulo, é uma prova clara do que eu quero dizer (mais, aqui).


Mas então, por que pensamos que quando algo está escrito em inglês (ou francês, italiano...) é mais chique? Ou merece mais crédito? Ou dá mais likes? Ou vende mais?


Queremos ser americanos, ou franceses, ou italianos... ou temos vergonha de ser brasileiros?


O termo complexo de vira-lata não existe por acaso e o filme Carlota Joaquina mostra que esse complexo é bem mais antigo do que pensamos. As mulheres do Rio copiaram o uso de um turbante na cabeça, tal qual a “princesa”, sem saber que aquele “adereço” era usado por “sua alteza” para tratar de uma infrstação de piolhos.




Acredito que está mais do que na hora de enterrar esse complexo de uma vez. Nos orgulharmos da nossa cultura e das nossas coisas. De entender que não precisamos copiar, nem procurar ser o que não somos.


Precisamos nos reencontrar com a nossa história, trazendo à luz o que foi escondido, criado ou enfeitado.


Não somos ocidentais, mas latino-americanos (mais, aqui). Somos um povo miscigenado (misturado), de maioria negra/parda que, na sua maioria, vive hoje o resultado do abandono estatal pós escravidão, e repleto de indígenas de diferentes etnias que tiveram suas terras roubadas com a chegada dos colonizadores.


Precisamos parar de jogar nosso futuro (nossa gente) no lixo (mais, aqui) e reparar os erros cometidos no passado, investindo maciçamente nos ¾ da população que, se não vive com fome (15,5% de todos nós), vive em insegurança alimentar (58,7% da população). Mais, aqui.


Quanto mais tarde isso começar, mais demorado será para alcançarmos uma sociedade justa, desenvolvida e segura para todos nós, já que são inúmeros os degraus a serem subidos, resultado de mais de 500 anos de espoliação e extrativismo, que não se modifica em poucos anos.


Mas o caminho é esse.


E é com uma imensa vontade de ajudar a trilhar esse caminho que a Civisporã elabora o seu trabalho, seja na publicação de conhecimento nos seus canais, seja produzindo camisetas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos.

Sempre com o propósito de sensibilizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.

Alguns dos artigos apresentados aqui no Sermoré da Civisporã, ou nos textos estampados nas camisetas, podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais.

Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.

E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:

CIVIS: Sociedade, em Latim.

PORÃ: Boa/m, bonita/o, melhor, em Tupi.

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