Inúmeros estudos indicam o Brasil como o país detentor da maior biodiversidade do nosso planeta, sendo extremamente abundante em recursos biológicos (além de todos os outros recursos naturais que conhecemos, como os minerais, energéticos e hídricos), apresentando o país como um dos mais ricos, senão o mais rico de todos os países do planeta neste quesito.
Mas como estamos gerenciando a nossa riqueza em biodiversidade, principalmente com relação a nossa fauna? E quais são os caminhos que podemos trilhar para alcançarmos uma sociedade sustentável, onde os impactos que geramos não nos causem mais prejuízos do que ganhos no final das contas?
Acompanhe o meu pensamento nesse artigo, onde analiso o que vem sendo feito, e como podemos mudar determinadas práticas que nos causam mais problemas do que soluções.
O Brasil possui mais de 120 mil espécies de invertebrados e aproximadamente 8.930 de vertebrados, sendo 734 mamíferos, 1.982 aves, 732 répteis, 973 anfíbios, 3.150 peixes continentais e 1.358 peixes marinhos (mais, aqui). E de acordo com o ICMBio, 1.173 espécies da nossa Fauna estão ameaçadas de extinção, e você pode conhecer todas elas, clicando nesse link.
Se analisarmos os dados friamente, veremos que este valor representa pouco menos de 1% do total de espécies que se encontram no nosso país. E baseado neste número “pequeno”, muitos acreditam que está tudo bem, sendo este o preço que pagamos para o “progresso socioeconômico”.
E é justamente aqui que tenho plena convicção de que se enganam aqueles que raciocinam desta forma tão simplista, visto que o sistema onde o ser humano está inserido - nosso planeta - não é uma razão de valores matemáticos de proporções simples, onde a perda de 1% das espécies resultaria em prejuízos de proporções iguais para todos nós.
Para provar o que digo, vou ser o mais simples possível para apresentar apenas um dos inúmeros princípios que regem os sistemas do nosso planeta, deixando claro que existem muitos outros, que não serão abordados para que o texto não fique gigante. Peço, também, licença àqueles que detém grande conhecimento sobre o tema pela simplicidade que apresentarei o Princípio da Cadeia e da TeiaAlimentar (mais, aqui).
Todos sabemos que insetos servem de alimento para pequenos anfíbios, que servem de alimento para animais maiores, e assim por diante (e que, aliás, insetos se alimentam da vegetação local onde eles vivem). É um sistema onde tudo está conectado com tudo e a harmonia dele depende da quantidade correta de cada um dos elementos para que esse sistema todo se mantenha.
Baseado neste conhecimento, peço que você imagine a seguinte situação: Um determinado parque nacional está ilhado por plantações de soja e milho ao seu redor. Estas plantações não respeitam a norma legal de manter determinado recuo entre a zona de plantação e os limites do parque. Ou seja, poucos passos após os limites do parque você já pisa em plantação. A todo instante, estas plantações são borrifadas de agrotóxicos que servem para acabar com os insetos que comem as plantas de soja e milho. Só que estes mesmos agrotóxicos acabam penetrando metros e metros adentro do parque, matando também os insetos que ali vivem (isso sem contar a contaminação da terra e dos lençóis freáticos do local).
A quantidade de insetos do determinado parque vem diminuindo ano a ano, e isso resulta na diminuição das espécies que se alimentam deles e, consequentemente, das espécies que se alimentam daquelas espécies que se alimentam destes insetos, criando, assim, um efeito cascata.
Trocando em miúdos, 1% de espécies ameaçadas colocam outras tantas espécies em perigo de extinção também, e isso é apenas UM dos motivos pelo qual não podemos ter uma ideia simplista de que 1% não significa nada.
Um pequeno detalhe sobre a situação que pedi a você que imaginasse: Ela é real, e estou falando do Parque Nacional das Emas, que visitei no ano passado e, sim, as fazendas vizinhas a ele não respeitam o recuo obrigatório por lei, para prevenir, entre tantas outras coisas, a situação que pedi para ser visualizada.
Agora, se pensarmos que este tipo de situação não é único naquele local, e que estamos, a cada dia que passa, desregulando os sistemas ecológicos de inúmeros outros locais do nosso país, seja com o uso indiscriminado de agrotóxicos, seja com o tráfico e a caça da fauna silvestre (3ª maior atividade ilegal do país), seja com a pesca predatória, seja com a grilagem de terra, o desmatamento, as queimadas, entre tantos outros ataques ao meio ambiente, podemos entender que o efeito cascata será muito maior do que um “simples” 1% de perda de espécies da nossa fauna. E repare que eu não estou falando de todo o planeta, do qual o Brasil não é uma ilha separada, já que, para o meio ambiente, fronteiras não existem.
Ou seja, estamos desregulando todo um sistema - planeta - do qual somos TODOS dependentes para a nossa própria permanência nele em nome de um suposto progresso econômico.
Perdoe a minha humilde ignorância, mas entendo que progresso econômico é aquele que traz riquezas para a sociedade COMO UM TODO, de modo que proteja o meio para as presentes e futuras gerações (tal qual indica o art. 225 da nossa Constituição). Os mais esclarecidos chamam isso de desenvolvimento sustentável.
Infelizmente, não é o que observamos no dia a dia em muitas localidades do nosso país, onde muitas pessoas da nossa sociedade, movidas, ou pela ganância (ambição com egoísmo), ou pela própria ignorância, não respeitam o conhecimento científico, as leis... não respeitam a sua própria continuação familiar.
Seja pela ganância ou pela ignorância, é de EXTREMA importância que o conhecimento seja transmitido, que a ciência seja ouvida, que as leis sejam respeitadas e, PRINCIPALMENTE, que os nossos hábitos de consumo sejam modificados, pois o resultado de ações como essa que pedi que você visualizasse (assim como milhões de outras que ocorrem) já é sofrido por absolutamente todos nós: Falta de água, desertificação, acidificação oceânica, derretimento das calotas polares, contaminação do solo, dos mares, dos rios e aquíferos, proliferação de vírus e doenças mortais... e os relatórios sobre o problema só aumentam.
É, portanto, com este sentimento de extrema importância na disseminação e compartilhamento de conhecimento de qualidade, e na súplica pelo respeito ao próximo, ao meio ambiente e às leis, que a CIVISPORÃ desenvolve o seu trabalho, seja através de conteúdo publicado aqui no Sermoré, seja através das camisetas produzidas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos. Camisetas estas que têm o propósito de conscientizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.
Alguns dos textos estampados em suas camisetas podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais. Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.
E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:
CIVIS: Sociedade, em Latim.
PORÃ: Boa/m, bonita/o, melhor, em Tupi.
Bom o seu texto, Alex. Acho que as atitudes individuais, que de tantas podem se tornar coletivas, podem mesmo mudar as coisas e melhorar o mundo. Mas sinto falta de que seja ressaltada a importância da atuação governamental, dando exemplo, fiscalizando, fazendo campanhas, fazendo o que é obrigação deles. E isso implica em consciência na hora do voto... Abraços!