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Foto do escritorAlex Stein

Efeito Borboleta

Atualizado: 24 de jul. de 2021



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Um dos meus trabalhos dessa semana foi produzir conteúdo sobre desperdício de alimentos para o Sustentabilize.se2030, um projeto social do qual faço parte e que trabalha com o objetivo de trazer propósito de vida sustentável para a sociedade, através de ações voltadas à divulgação de conteúdo de fácil engajamento, de acordo com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU (mais, aqui).


Quanto mais eu pesquisava sobre o assunto, e chegava a números impressionantes, como a quantidade de alimentos desperdiçados no mundo (1/3 dos 1,3 bilhão de toneladas de alimentos produzidos anualmente no mundo - mais,aqui), ou no Brasil (40% da produção de tudo que é produzido é jogado fora - mais, aqui), mais uma pergunta me vinha à mente:


Qual o valor do prejuízo que temos com o desperdício de GENTE? Isso mesmo! Como podemos quantificar os nossos prejuízos com a quantidade de gente que jogamos fora todos os dias?


Não é só comida e coisas que desperdiçamos. São MILHÕES de pessoas que jogamos, literalmente, na lata do lixo, diariamente. E o número chega à casa dos bilhões, se computarmos o planeta todo.


Basta olhar para quantidade de pobres e miseráveis que existe no seu dia a dia. Muitos estão vivendo sobre - e sob - papelões pelas calçadas. Outros muitos estão nas esquinas e semáforos de ruas e avenidas. Muitos outros ainda estão de baixo de pontes e viadutos. Isso, sem contar a quantidade de favelas e aglomerados de compensados, papelões, lonas plásticas e tudo que é resíduo apanhado pelas ruas que podem ser usados na montagem de “moradia(?)”.


Para quantificar o nosso problema, de acordo com a FGV, quase 27 milhões de brasileiros (pouco mais de 10% da população) foram jogados para a pobreza após a pandemia, e quase 40 milhões vivem na extrema pobreza (mais, aqui). São números que me assustam (e acredito que a você também), ainda mais se pensarmos na quantidade de cientistas, artistas, empreendedores, profissionais técnicos, professores, entre tantos outros profissionais que deixamos de ter por que não damos a devida oportunidade de desenvolvimento social para todos: habitação, alimentação, saúde, educação, segurança, cultura e recreação.


Cada vez que paro numa esquina e vejo um(a) pedinte, fico imaginando o que aquela pessoa poderia ter se tornado, caso fosse dado a ela essa devida oportunidade de desenvolvimento social. Será que poderia encontrar a cura do câncer que acometeu algum conhecido seu? Ou ainda o Alzheimer que bate à porta de algum familiar? Será que poderia encontrar a solução para a crise climática, que põe em risco a permanência de todos nós neste planeta? Se você nunca viu, aconselho assistir ao filme Efeito Borboleta.


Quantas oportunidades de desenvolvimento da nossa sociedade estamos jogando fora todos os dias? Quantos Einsteins, Santos-Dumonts e Stephen Hawkings, quantas Marie Curies e Berthas Lutz, quantas Elis Reginas e Cassia Ellers, quantos Ivo Pitanguys, Villa-Lobos e Martas jogamos fora por dia e, pior, T O D O S O S D I A S ?


Me pergunto como muitas dessas pessoas foram parar nesses semáforos, nessas pontes e viadutos, nesses aglomerados de papelões e compensados. O contexto histórico brasileiro - escravocrata - é responsável pela maior parte desse presente indigno. Mas tenho convicção de que o descaso nosso de cada dia o mantem.


O entendimento raso sobre história do Brasil, além do desconhecimento do que significa ser fruto dessa realidade produzem frases, como: “são um bando de vagabundos”, “não melhoram de vidas porque não querem”, “não gostam de trabalhar”, “se multiplicam como ratos”, entre milhões de tantas outras do qual tenho certeza de que você já deve ter ouvido (se não, falado).


Não concordo quando escuto tais absurdos. A minha história de vida, com família estruturada, tempo exclusivo para os estudos na infância e adolescência, investimento financeiro familiar para a criação e desenvolvimento da minha consciência cidadã, assim como as realidades e grupos sociais vividos e convividos durante uma vida toda formataram quem sou hoje. As viagens, os passeios, a troca de experiências com pessoas mais, ou menos cultas do que eu... tudo isso me transformou em quem sou. E é exatamente por conta desse agrupamento de realidades vividas e experimentadas que tenho consciência dos meus direitos e deveres como cidadão.


Como é que eu posso exigir tal grau de cidadania de uma pessoa que não teve acesso ao básico para a construção e desenvolvimento de tal consciência cidadã? Quais foram as realidades dessa pessoa? Nasceu em família estruturada? Pôde se dedicar exclusivamente aos estudos durante todo o tempo necessário para estar apta à (mentira da) meritocracia profissional? Pôde viajar, ir a shows de bandas bacanas, a peças de teatro, ou mesmo ao cinema? Possuía banheiro em casa?


Possuía uma casa?


É preciso olhar fora da caixa que nos qualifica - aquela que delimita nossa forma de pensar.


É imprescindível pensar mais sobre a pobreza, e isso não significa gostar dela. É urgente colocar em prática políticas públicas que redistribuam a riqueza que existe, investir em desenvolvimento social (habitação, alimentação, saúde, educação, segurança, cultura e recreação) para TODOS e de acordo com a necessidade de cada indivíduo (ou grupos de indivíduos), o que chamamos de equidade.


E por que isso é importante?


Porque, além de uma sociedade melhor para você, para mim, e todo mundo, como falei anteriormente, a salvação do planeta pode estar justamente no tio que dorme embaixo da marquise do seu prédio, ou na criança que vende bala no semáforo do seu caminho para o trabalho, ou ainda na gravida descalça que te pediu alguns centavos na porta da padaria.


Precisamos URGENTEMENTE mudar nossa postura como cidadãos e internalizar nossos direitos e deveres como tais. E é por isso que eu acredito, e deposito muita esperança, no trabalho da CIVISPORÃ, uma marca de camisetas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos, que tem como propósito conscientizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.


Alguns dos textos estampados nas suas camisetas podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais. Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.


E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:

CIVIS: Sociedade, em Latim.

PORÃ: Bom, bonito, melhor, em Tupi.


Até a próxima e que todos nós, brasileiros, tenhamos a nossa desejada CIVISPORÃ!



*Foto: JohnNyberg, rgbstock.com

*Montagem: Alex Stein

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