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Foto do escritorAlex Stein

Uma Economia Pra Chamar de Nossa

Atualizado: 16 de dez. de 2021



Você já deve ter se deparado com o termo “economia solidária” em algum momento dos últimos 20 anos, mas talvez não saiba qual o tamanho dessa indústria no nosso país.


E é justamente nessa data - 15 de dezembro - quando se comemora o Dia Nacional da Economia Solidária, a duas semanas do Natal, que eu quero convidar você a discutir esse tema comigo neste artigo (eu falo discutir porque sempre espero a sua opinião sobre os assuntos que escrevo).


Mas antes de entrar nele, como já virou costume, vou te pedir pra clicar neste link e escutar uma música que tem tudo a ver com o tema e entrar no clima da conversa que eu quero ter com você.


A expressão “economia solidária” foi criada no Brasil na década de 1990, mas a sua origem histórica “oficial” vem lá da Primeira Revolução Industrial, com a criação dos primeiros sindicados e cooperativas.


Mas enganam-se aqueles que acreditam que foi naquela época que o "sistema" foi criado, pois tribos indígenas, povos pré-colombianos e milhares de outras etnias espalhadas pelo nosso planeta já trabalhavam em forma de economia solidária.


Esse tipo de economia é, na verdade, um conjunto de atividades econômicas de Produção, Consumo, Poupança e Crédito, organizadas sob a forma de autogestão.


Mas o mais interessante disso é que a economia solidária possui um modo de produção alternativo àquele que conhecemos tão bem - o Capitalista - já que os princípios básicos são a propriedade coletiva (ou associada ao capital) e o direito à liberdade.


É um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que precisamos para viver, não havendo exploração, vantagem ou destruição do ambiente, já que o objetivo é cooperar entre si, ao invés de competir, focando no bem-estar do meio em que se vive, onde, ao final, todos se tornam vencedores.


A economia solidária é uma experiência profissional fundamentada na equidade e na dignidade, tendo como um dos objetivos o desenvolvimento local. Ou seja, todos aqueles negócios que estão ligados a uma empresa solidária ganham juntos com ela, e ambas crescem juntas, numa grande simbiose (relação entre duas, ou mais entidades, onde todas saem ganhando).


Outro ponto de destaque está na valorização do ser humano, já que a produção e o consumo são fontes de distribuição das riquezas geradas entre todos os envolvidos, de modo a reduzir as desigualdades sociais a médio e longo prazo. A proposta reside na associação entre iguais, ao contrário do contrato entre desiguais, do modelo capitalista.


Esse movimento é observado em todos os cantos do mundo e, no Brasil, teve na figura de Paul Singer (mais, aqui), o seu grande pesquisador, sendo ele o responsável pela implementação e gerenciamento da Secretaria Nacional de Economia Solidária, do extinto Ministério do Trabalho e Emprego, entre 2003 e 2016.


Para ele, a economia solidária era uma estratégia de luta contra as desigualdades sociais e o desemprego, tendo como finalidade básica a qualidade do trabalho, e não a maximização dos lucros.


As soluções de gestão dos empreendimentos deste modelo de economia se baseiam em ações coletivas, democráticas e autogestionárias, sendo que as mais importantes delas costumam ser tomadas em assembleias de sócios, onde cada um deles representa um voto, independentemente de sua função administrativa.


Aliás, o princípio da autogestão é que todos aqueles que trabalham no empreendimento são seus donos, sendo que a sua filosofia está baseada na ideia de que cada associado, ou cooperado, possui uma aptidão laboral e todas elas são importantes e necessárias em igual valor para que ele prospere.


Isto é, não há uma pessoa que seja mais importante que outra, mesmo que ela ocupe um cargo de direção, ou de presidência.


Exemplos de economia solidária estão em praticamente todos os campos da economia, com especial atuação na agricultura (agricultura familiar), finanças (cooperativas de crédito), tecnologia (centros tecnológicos) e sustentabilidade (usinas de reciclagem). Mais, aqui.


Esta indústria movimenta em torno de 12 bilhões de reais ao ano só no Brasil (mais, aqui), com 14,2 milhões de pessoas associadas a cooperativas, que empregam quase 400 mil pessoas (mais, aqui).


No mundo todo, são 280 milhões de pessoas que trabalham nas 3 milhões de cooperativas, sendo que as 300 maiores geram 2,1 bilhões de dólares anuais, o que torna a economia solidária responsável pelos melhores índices dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, da ONU (mais, aqui).


O tema é muito importante, ainda mais quando vivemos em uma sociedade extremamente desigual.


Na Câmara dos Deputados, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural aprovou o projeto de criação da Política Nacional de Economia Solidária, tornando o tema um programa de Estado (pouco importa o governo que entrar, o programa deve ser seguido), diferentemente de um programa de governo (onde o governo seguinte não tem obrigação em seguir com ele). Mais, aqui.


Eu mesmo posso falar com certa propriedade sobre o assunto, já que sou cooperado da Viacredi, uma das mais antigas cooperativas de crédito do país, ao qual convido você a conhecer (e se for de SC, ou PR, se cooperar também) Para você ter ideia, aquela parte dos lucros do “banco” (que iria para uma família bilionária, em um banco privado) é dividida entre todos os cooperados (a outra parte é reinvestida no negócio).


E não, eu não estou fazendo uma propaganda da Viacredi, pois essa política é igual em todas as cooperativas de crédito (embora umas sejam mais interessantes que outras). Mas é para mostrar a você que a economia solidária é, realmente, uma das estratégias que pode tornar a nossa sociedade menos desigual.


E já que estamos em época de Natal, onde milhares de pessoas saem às ruas comprando presentes para os seus entes queridos, peço que você reflita o que significa presentear alguém nesta época do ano e de quem você quer comprá-los.


Sugiro pesquisar se a instituição faz parte da economia solidária, ou se possui política ESG nos seus negócios (mais, aqui). Ou se ela pratica ações que melhorem a sociedade como um todo, e não apenas o bolso do(s) seu(s) proprietário(s).


É possível construirmos o mundo melhor que tanto desejamos, e tenho a certeza de que um dos caminhos para isso acontecer passa pela economia solidária, assim como pelo consumo consciente.


E você? Já refletiu sobre isso?


E é com esse espírito de incentivo à reflexão que a Civisporã elabora o seu trabalho, seja na publicação de conhecimento nos seus canais, seja produzindo camisetas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos. Sempre com o propósito de conscientizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.



Alguns dos textos estampados nas suas camisetas podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais. Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.


E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:

CIVIS: Sociedade, em Latim.

PORÃ: Boa/m, bonita/o, melhor, em Tupi.

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